Dra. Cristiane Pertusi Psicóloga e Coach

ARTIGOS

Vença a insegurança e construa uma autoimagem positiva

 Há algumas pessoas que parecem estar permanentemente andando na corda bamba, tal a insegurança que permeia seus passos no dia a dia. O ruim é que, muitas vezes, tal sentimento não só gera um desconforto diário como atrasa, inviabiliza ou impede muitas realizações. Então, se você já se sentiu assim, ‘prejudicado’ por sua falta de confiança, está na hora de pensar sobre o assunto para mudar. E adivinha por onde começar? Sim, pelo início de tudo, os primeiros anos de vida.
A capacidade do indivíduo de acreditar ou não em si mesmo depende de sua história. Os relacionamentos na infância com os pais ou cuidadores são fundamentais no desenvolvimento do self – o eu, a autoimagem.
Pergunta básica: eu gosto de mim?
A construção de uma autoimagem positiva depende, então, da maneira como experimentamos nossas relações afetivas e, também, de fatores sociais e relacionais que o meio externo propicia para a qualidade dessas vivências. A maior ou menor insegurança tem a ver com o autoconceito: o que a pessoa acha que é, seja consciente ou inconscientemente. Isso envolve características físicas e psicológicas, pontos positivos e negativos, autoestima. Em resumo, a percepção de seu próprio valor.
A insegurança traz, a reboque, uma série de situações e sentimentos negativos. O sujeito, por exemplo, paralisa quando tem que tomar uma decisão, encontra dificuldade de saber qual o melhor caminho a seguir, acredita que está sempre sendo julgado e criticado. Enfim, não há confiança em si mesmo e, a partir daí, surgem vários ‘medos’: alguns específicos, como o de dirigir, e outros gerais, como o de enfrentar opiniões contrárias a sua.
Autossabotagem
É possível, também, que a insegurança leve o indivíduo a não se considerar merecedor de ser feliz ou alcançar seus objetivos e sonhos. Ele acaba desenvolvendo crenças e valores que limitam seu olhar sobre si mesmo e a vida. Daí para se autossabotar, ou seja, criar situações que bloqueiam sua felicidade, é um pulo. Além da influência dos primeiros anos de vida – conceitos que lhe foram transmitidos verbalmente ou por atitudes –, o quadro é agravado pelas condições da sociedade moderna. Há muita competição e exigência de que cada um seja perfeito em todas as áreas da vida. Como se isso fosse possível, e fazendo com que sejamos cobrados além de nossa capacidade.
A falta de autoconfiança é, no mínimo, limitante. O inseguro perde a oportunidade de conhecer e experimentar o novo – seja uma pessoa, um lugar, um desafio. Por não valorizar seu potencial e não identificar suas habilidades, ele se fecha em si mesmo. Nessa, deixa passar possíveis parceiros interessantes, não enxerga uma boa chance de emprego, não se lança em estudos e viagens, não investe em projetos pessoais e profissionais – e assim por diante. Tudo isso faz com que a pessoa se sinta infeliz, não fazendo o que gosta e não buscando prazeres.
Aprovação alheia
Há outro aspecto que ronda a insegurança: a dependência excessiva de pessoas e situações. A opinião alheia influencia e direciona as ações. Existe uma real dificuldade de construir a vida com independência afetiva e até financeira. Dessa forma, fica travado o crescimento psicológico e social. E tem outro lado: como não confia em si mesmo, alguns inseguros também não acreditam no outro. E, aí, se tornam perfeccionistas ou controladores, pois esta é a única forma de se sentirem mais seguros.
A boa notícia é que tal sentimento é passível de modificação. Uma criança insegura pode se tornar um adulto seguro. O caminho é se valorizar mais, acreditar no seu potencial, ir atrás do autoconhecimento. Como o desenvolvimento psicológico e social é contínuo durante a vida, dá para melhorar o autoconceito e a autoestima. As relações experimentadas são como o oxigênio ou o ar que respiramos: se ele for bom e puro, construiremos nosso self positivo; se for poluído, trará distorções e prejuízos.